quinta-feira, 29 de setembro de 2011

ESCRAVOS DO FUTURO!

“Aqui e agora, ou lá longe?”
Quando o objetivo é mais importante que o processo.

No meio corporativo, planejamento sempre é um assunto em pauta. A definição de Missão e Visão da companhia já é o primeiro planejamento a ser pensado na criação da empresa. Depois vêm as metas, os projetos etc, etc. Em nossa vida pessoal também acontece algo similar. Nos ensinam que temos de ter uma missão, que devemos escrever nossos objetivos, anseios, nossa visão de futuro etc.

Creio que um bom planejamento é importantíssimo – e por que não dizer vital? – para uma empresa, porém, como sugere o título, vejo que o planejamento é um recurso complementar e não principal em uma organização ou em sua própria vida.


Vou utilizar um exemplo real para explicar-me melhor:
Em abril de 2010 comecei a minha jornada no Caminho de Santiago. Para quem não conhece, o Caminho é um percurso feito a pé de vários pontos do mundo até a catedral de Santiago de Compostela, na Espanha. O meu percurso começou na França, cidade de Saint Jean Pied-de-Port e, até chegar em Santiago de Compostela, caminhei aproximadamente 800km em mais de 40 dias de trajeto…

Durante o caminho conheci muita gente totalmente focada na chegada, no marco zero. Pessoas que viam o fim como sucesso e o não chegar como derrota plena, frustração.

Por conta disso, caminhavam mais rápido do que aguentavam, ganhando dúzias de bolhas nos pés, tendinites e dores nos joelhos. Algumas chegavam a pegar ônibus para ganhar tempo. Eu era o tartaruga da turma. Enquanto os apressadinhos faziam 45 a 50km por dia, eu andava tranquilamente 20, 25km… numa boa.

Quando cheguei ao meu objetivo final, fiquei decepcionado por um lado e muito feliz por outro. A catedral de Santiago é belíssima, porém, tão bela como muitas outras durante a caminhada. A cidade é diferente, mas tão diferente como muitas outras. Resumindo, a chegada – que na minha vez foi chuvosa e fria –, foi simplesmente chegar. Nada além disso. E esta foi minha frustração quando percebi que o ponto final deste trajeto não era tão impressionante como parecia.

A alegria, por sua vez, foi saber que não perdi meus dias correndo por um “final feliz”. Ao contrário, desfrutei cada passo, conheci pessoas do mundo inteiro, almocei no meio do mato, jantei em paróquias, aprendi um novo idioma, passei por chuva, sol, barro, neve e vivi alguns dos dias mais surpreendentes em minha vida.

Durante este percurso, também fui obrigado a mudar minha rota por várias vezes, pois algo inusitado sempre aparecia e eu não queria perder aquela oportunidade.

Em resumo, aprendi que o importante não é o “chegar”, mas o saber caminhar.

Ainda se tratando de planejamento, vejo que ele é imprescindível quando se entende verdadeiramente para que serve. O planejamento, as metas, os objetivos lhe dão direção e motivação. Direção, para que não caminhemos sem rumo, e motivação, colocando um “combustível” especial (garra, vontade, amor ) e dando um significado para a nossa vida.

Lembre-se: nossos objetivos de vida são importantíssimos, porém, mais importante que isto é aprender a comemorar cada passo nos bosques da vida e, se for preciso, mudar de objetivo também. Devemos ser atentos para perceber, flexíveis para mudar e sábios para entender que novos caminhos ainda hão de surgir.

E você? Quais são seus planos? Aqui e agora, ou lá longe? Ou os dois?

Autor(a): Rafael Baltresca

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