quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O mercado imobiliário encontra seu rumo

(Portal Fator Brasil - Rio de Janeiro/RJ-10/09/2011)
O mercado imobiliário brasileiro encontra-se em momento de grande transformação, marcada
inicialmente pelo forte crescimento das vendas, surpreendendo pela rapidez da expansão de
preço e oferta de unidades. Durante décadas, o setor conviveu com patamares tímidos,
poucas alternativas de financiamento e taxas de juros inibidoras. O cenário começou a mudar a
partir das novas políticas públicas, que inicialmente ampliaram as possibilidades de crédito para a
construção de moradias populares.
A iniciativa trouxe resultados expressivos em todo o mercado de imóveis, com lançamentos de
empreendimentos de médio e alto-padrão e novas opções de financiamento. Mas, a euforia do
primeiro momento logo deu espaço à preocupação. Os números recentes apontam redução
no ritmo desse crescimento e fizeram nascer discussão sobre a possibilidade de o setor
imobiliário brasileiro apresentar os mesmos sintomas da "bolha" norte-americana, que abalou a
economia internacional em 2008.
É bom que se diga, porém, que o que ocorreu lá não é o que ocorre aqui. O momento e o
panorama nos dois casos são muito diferentes. A oferta de crédito brasileira, por exemplo, tem
traços peculiares e rígido controle por parte das instituições financeiras. O financiamento
imobiliário nacional ainda é tímido diante de outras nações. O volume total correspondente a
6% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Banco Central, muito abaixo daquele do
México (10% do PIB), Chile (20%) e Estados Unidos (80%).
As nossas taxas de financiamento imobiliário apresentam ainda variação entre 9,5% e 12%,
além de um indexador, muito acima do crédito barato de outros países. Nossas taxas de juros,
apesar de terem sofrido redução, ainda são as maiores do mundo, tendo o especulador
melhores condições de rentabilidade ao aplicar seu dinheiro em outras opções do mercado,
com liquidez muito maior. Portanto, fazer especulação no mercado imobiliário brasileiro está
longe de ser um bom negócio. E esse foi um dos problemas que afetaram o mercado
imobiliário norte-americano, com investidores adquirindo imóveis a juros baixíssimos com o
propósito de garantir altos dividendos.
As divulgações de balanços das empresas de capital aberto do setor imobiliário suscitaram
dúvidas diante da queda no valor das ações de algumas delas. O movimento é tranquilamente
explicável nesse setor que ganha dinamismo maior a cada dia. A redução das projeções de
lucro, que provocaram a desvalorização, é resultado de vários fatores como, por exemplo, o
aumento internacional de alguns insumos, como o ferro. A forte expansão na construção civil
intensificou ainda a demanda por mão de obra qualificada, que rapidamente se tornou escassa,
provocando acréscimo real dos vencimentos dos trabalhadores do setor, além da grande
dificuldade de encontrar profissionais para tocar novos empreendimentos. Diante dessa nova
realidade de mercado, os lucros esperados pelos investidores diminuíram, mas sua solidez está
mantida, mesmo considerando o chamado Custo Brasil, que contribuiu de maneira negativa
para as dificuldades enfrentadas pelo setor.
Não tenho dúvida de que a preocupação do momento, embalada pelos sustos recentes nas
bolsas no mercado mundial, vai ceder lugar ao otimismo no futuro. O potencial de crescimento
continua amplo, com a grande maioria dos compradores interessados em adquirir o primeiro
imóvel para moradia. A entrada de mais de 30 milhões de brasileiros na classe média vai
continuar criando possibilidades de negócio no setor. Se uma parcela vai para a classe média,
outra também deverá subir mais um degrau econômico e social, com expressivo poder de
compra. A forte expansão vai aos poucos se consolidando em crescimento sustentado e com o
mercado adequando a oferta à demanda. Acredito que alcançamos um patamar positivo, com
as regras do jogo se aperfeiçoando, fazendo do Brasil um país próspero também para os
negócios imobiliários. .Por: José Paranhos, Diretor Superintendente da Damha Urbanizadora

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