terça-feira, 6 de setembro de 2011

Lançamento de imóveis de até 45 m2 em SP cresce 72%

(Folha de S. Paulo pág. B1 - 06/09/2011)
Expansão do número de imóveis 'compactos' postos à venda foi de 72% ante média geral de
4,8% em 5 anos
Disparada dos preços em SP leva consumidor a optar por unidades menores para morar em
áreas bem localizadas
MARIANA SALLOWICZ
TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO
Os imóveis compactos vêm ganhando importância no mercado imobiliário e lideram a expansão
no número de lançamentos na capital paulista em cinco anos, impulsionados pela valorização
dos terrenos.
Morar em áreas centrais significa, cada vez mais, abrir mão de espaço. As unidades novas de
até 45 m² postas à venda de janeiro a julho deste ano (1.598) tiveram alta de 72,0% na
comparação com igual período em 2007, antes do agravamento da crise.
Na média geral, o acréscimo no total de lançamentos foi de apenas 4,8%, de acordo com
levantamento realizado pela consultoria Geoimovel a pedido da Folha.
Segundo Celso Amaral, diretor da Geoimovel, a região que tem concentrado esses
apartamentos é o Centro, em bairros como Bela Vista, Santa Cecília, Consolação e Liberdade.
"Há ainda lançamentos dessas unidades, mas com 'arquitetura sofisticada' em locais como
Jardins, Brooklin e Moema", afirma.
Entre as construtoras que têm vendido imóveis menores estão Even, Cyrela e Brookfield
Incorporações.
Para João da Rocha Lima Jr., professor titular de "real estate", núcleo da Poli/USP, o mercado
"vive um momento de readequação", em que as empresas oferecem produtos mais compactos
a um público que antes podia comprar apartamentos maiores.
Essa mudança, diz, é resultado do aumento nos preços dos imóveis -o que ocorreu em todos
os tamanhos- em uma velocidade muito superior aos reajustes salariais.
"As pessoas continuam querendo comprar, mas já não têm mais capacidade de adquirir o que
podiam. É um 'downgrade', em que os compradores têm menos do que desejam."
Os investidores também estão de olho nesse nicho por causa da facilidade em alugar e vender
essas unidades. "Há uma forte procura por esse tipo de unidade e a locação ocorre
rapidamente e com um bom retorno", afirma Amaral.
Na avaliação de Marcelo Dadian, diretor da regional paulista da incorporadora e construtora
Rossi, a opção por imóveis menores, bem localizados, que "estavam faltando", "é uma
tendência", destacando a importância de diminuir o tempo de locomoção. "Já imaginou ganhar
três horas do seu dia?"
Segundo Ricardo Laham, diretor de incorporação da Brookfield Incorporações, há cerca de dois
anos teve início uma onda de lançamento de produtos voltados para um público que necessita
de menos espaço, como solteiros e recém-casados.
"Existe uma demanda por esse segmento com o aumento de renda e as pessoas se tornando
independentes financeiramente mais cedo", diz Laham.
ÁREAS COMUNS
Para evitar o sentimento de claustrofobia, as construtoras investem na diversificação das áreas
comuns, oferecendo mais do que atrativos básicos como garagem, piscina, churrasqueira,
playground e sala de ginástica.
Já é possível desfrutar de "home theater", biblioteca, "home office", salão gourmet e sala
"lounge" nesses espaços comuns, além de um serviço de lavanderia. "Passa a ser um
prolongamento da casa", afirma Rosane Ferreira, diretora da Cyrela.
O analista de sistemas Marcelo Antunha Guedes, 34, vai desembolsar R$ 310 mil e trocar um
apartamento próprio de 84 m²por um de 32,85 m²atraído pelas áreas comuns.
"É como ir para um cruzeiro, não é tão importante o espaço em que se dorme, mas sim a
diversão que ele oferece. Além disso, passo pouco tempo em casa", afirma o futuro morador
de um empreendimento da construtora Even no Brooklin, bairro na zona sul de São Paulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário