quarta-feira, 31 de agosto de 2011

6 coisas que você não deve fazer em uma negociação

Antecipar-se nas concessões e demonstrar insegurança são erros que podem colocar uma negociação em jogo

Camila Almeida, de
Sala de reunião
Propostas apresentadas também devem agradar quem está do outro lado da mesa
São Paulo - Na ansiedade de fechar acordos e ver seu negócio prosperar logo, muitos empreendedores confiam no instinto e deixam de lado as regras básicas de uma boa negociação ao sentar na mesa com potenciais clientes, parceiros e investidores. Confira, a seguir, seis erros que costumam ser cometidos durante negociações e saiba como evitá-los:

1. Fazer concessões antes do tempo
Um dos processos naturais da negociação é fazer concessões. Elas servirão como poder de troca para obter o que for mais importante para o seu negócio. Na pressa para concretizar o acordo, o empreendedor, por vezes, se adianta e já define quais suas concessões antes mesmo de se reunir com o outro lado, seja fornecedor ou cliente, e pratica a chamada concessão precipitada. “Em uma negociação, todas as possíveis concessões são o que consideramos importante matéria-prima para troca, ou seja, nós concedemos algo para obtermos aquilo que precisamos em troca”, explica o professor de cursos de negociação, Alfio Ferrari Filho. Com a falsa ideia de que isso irá agilizar ao processo, o empreendedor perde poder de barganha para analisar apenas o que lhe servirá de interesse. Em vez de ceder logo de cara, guarde bem suas cartas para, no momento oportuno, pedir algo valioso em troca.
2. Demonstrar insegurança
Seja diante de um fornecedor, cliente, parceiro ou investidor, você precisa passar credibilidade para o seu empreendimento e despertar nele a confiança em apostar no seu negócio. “O negociador profissional precisa controlar a emoção”, comenta Ferrari. O descontrole emocional, em geral, se origina na falta de preparo por parte do empreendedor e pode despertar insegurança e dúvidas em quem estiver do outro lado. Para evitar perder novas oportunidades, o professor recomenda fazer um check-list com os pontos que precisam estar esclarecidos: conhecimento sobre o produto a ser negociado e o mercado; conhecimento prévio das características da equipe que participará da negociação; análise do próprio poder de barganha, ou seja, o potencial para conseguir o que você quer da forma como deseja; determinação dos objetivos principais e possíveis concessões; definição dos limites da negociação.
3. Persistir no impasse
Quando não tem claro para si quais são os objetivos principais de uma negociação, o empreendedor pode acabar preso em impasses que poderiam ser resolvidas de maneira mais simples. Além de reduzir a insegurança, a preparação serve para que ele saiba de antemão o que pode ceder e propor trocas com o interlocutor. “Às vezes, as negociações travam por motivos que poderiam ser facilmente contornados, como valores e datas”, diz Ferrari. Fuja do impasse e leve soluções alternativas, sem se esquecer de que, se houver concessões, elas devem ser valorizadas para o outro negociador reconhecer o esforço e fechar o acordo.
4. Subestimar a concorrência
Queimar a empresa que compete no mesmo mercado que o seu já não cola mais. Quem quer que esteja recebendo sua proposta, precisa de motivos contundentes a seu favor para tomar a decisão, e não contra eventuais concorrentes. Fale sobre o mercado, sobre a inserção do seu empreendimento nele, destaque qual o diferencial em relação aos concorrentes e o que o cliente vai ganhar com isso.
5. Tomar decisões precipitadas
A pressa para encerrar uma negociação pode traz prejuízos para o empreendedor. Na hora de negociar com fornecedores ou com investidores, por exemplo, o ideal é comparar propostas diferentes e avaliar as vantagens de cada uma. Isso pode, inclusive, dar poder de barganha ao empreendedor nas duas frentes. “É preciso ter uma noção exata dos concorrentes e explorar o maior número de opções possível”, afirma Ferrari. Tome apenas o cuidado de ser transparente e deixar claro para todas as partes envolvidas que há outros no páreo.
6. Mostrar apenas o cenário perfeito
Na hora de negociar com investidores, faz parte da prepação levantar os possíveis desafios e dificuldades que seu negócio pode enfrentar. Mostrar somente o cenário positivo pode passar para à outra parte excesso de otimismo ou até ingenuidade. Pense em estratégias para três possíveis cenários - bom, médio e ruim - e não tenha medo de prejudicar a negociação ao mostrar que entende quais são os riscos. Isso mostrará a ele que você não está se atirando no desconhecido.

Você realmente sabe quem você é?

Eduardo Ferraz
Quem você realmente é? Uma pessoa dinâmica e empreendedora ou alguém impulsivo e agressivo? As definições que você interpreta sobre seus comportamentos nem sempre são reais. Já se perguntou como as pessoas a sua volta o veem, de verdade? O ser humano distorce as suas percepções para sentir-se mais competente do que é. A maioria das pessoas tende a exagerar suas habilidades e a não reconhecer suas falhas, e a maior consequência é que estas distorções induzem as pessoas ao erro, o que quase sempre as deixam frustradas e infelizes.
Uma pesquisa realizada pela Right Management, empresa especializada em soluções de consultoria, com quase seis mil participantes, mostrou que 48% responderam que “não estão felizes no trabalho”. Essa infelicidade provavelmente é fruto do baixo autoconhecimento, pois é comum as pessoas aceitarem um emprego sem analisar se as suas características de personalidade têm relação com o desafio do cargo.
Se, por exemplo, você se acha uma pessoa super divertida, e nem seus amigos o convidam para sair, provavelmente sua autopercepção está errada. Uma maneira de diminuir a distorção entre suas percepções e as dos outros sobre você é usar a Janela de Johari – criada em 1955 por dois psicólogos americanos, Joseph Luft e Harrington Ingham.
Vamos a elas:
· Arena: nesta janela se encontram os comportamentos conhecidos por você e por aqueles com quem você convive. Todos deveriam aumentar sua arena, pois os pontos fortes ficam mais evidentes e acabam sendo valorizados. Os pontos fracos também ficam explícitos, dando-lhe a oportunidade de ajustá-los ou aceitá-los melhor.

· Mancha cega: aqui a pessoa não percebe o impacto (positivo ou negativo) que os seus comportamentos causam, mas quem convive com ela percebe imediatamente. Para diminuir essa janela, você precisa aceitar feedbacks e analisá-los como caminho para se conhecer melhor. Reconhecer uma crítica não significa mudar a personalidade, e sim entendê-la melhor;

· Fachada: são os comportamentos que, pelos mais diversos motivos, a pessoa conhece, mas não quer que os outros conheçam. É na fachada que está a intenção de controlar os outros. Mas, atenção: jogar muito tempo na fachada é um péssimo negócio, as empresas podem não ter tempo para esperar que suas verdadeiras atitudes sejam mostradas;

· Desconhecido: representa fatores a personalidade que a pessoa não tem consciência e que os outros a sua volta também desconhecem. É o quadrante das motivações inconscientes.

O grande objetivo de usar a Janela de Johari é reforçar seu autoconhecimento para saber quais são os seus verdadeiros talentos e usá-los a seu favor. Portanto, aumente a sua ARENA, posicione-se de uma maneira mais transparente e saiba interpretar, de maneira construtiva, a opinião dos outros ao seu respeito. Só assim você saberá analisar se a empresa em questão é certa para você, e se você é o profissional certo para ela.
*Eduardo Ferraz é consultor em Gestão de Pessoas e especialista em treinamentos e consultoria In Company,com aplicações práticas de Neurociência comportamental. Possui mais de 30.000 horas de experiência prática. Autor do livro “Por que a gente é do jeito que a gente é?”, da Editora Gente.

6 Passos para Estimular um Liderado a Mudar o Comportamento

2 de maio de 2010 por: Fred Graef
Você às vezes se irrita com o comportamento de um liderado? Já falou para ele mudar e nada aconteceu? Você sente ansiedade por estar micro gerenciando as atividades de suas equipe? Talvez você precise pensar em como está se comunicando.
É frequente nos atendimentos individuais de coaching que faço para líderes, executivos e empresários este tipo de desafio. Muitos falam “perdi a calma”. Percebo que o problema de muitos desses clientes é dizer “o que deve ser feito” em vez de estimular o liderado a mudar. E qual a alternativa para este problema? Para que você fique mais confortável e despenda menos esforço siga os passos abaixo.

Em primeiro lugar, se aproxime mais das pessoas. Quando você conversa mais com seu liderado você passa a conhecê-lo melhor. E o que significa conhecê-lo melhor? Descubra seus valores, o que é importante para ele na vida. O que ele deseja e tem medo. Quais os sonhos e temores. Seja mais gente e menos “corporativo”. Conheça genuinamente a pessoa. É muita conversa e dá trabalho, mas é fundamental para a liderança: você se conecta. Organizações são feitas de gente e gente gosta de conexão, envolvimento e emoção. Este passo vai te ajudar no futuro a trabalhar os comportamentos do liderado. Além disso, saiba que se aproximar é mais do que um passo, é um processo sem fim.

Em segundo lugar, pare de julgar e fale apenas do comportamento. É difícil. A gente fala o tempo inteiro em dar feedback e na verdade julgamos, emitimos nossa opinião. Quando você julga, você distancia a pessoa de você e a coloca na defensiva. Para você focar no comportamento, aja como um repórter ou cientista. Apenas fatos e dados, sem advérbios nem adjetivos. Reporte o que aconteceu. Foco apenas na descrição do comportamento.

Em terceiro lugar, ligue o comportamento da pessoa às consequências. Analise todos os efeitos que podem surgir do comportamento do liderado. Fale dos impactos no cliente, na imagem da empresa ou na equipe, no clima organizacional, no que o outro setor pode pensar, no exemplo para outras pessoas e por aí vai. Expanda a consciência da pessoa e leve-a a ver o quadro mais amplo. Muitos líderes, executivos e empresários não percebem que às vezes as pessoas não se dão conta dos efeitos de seus comportamentos.

Em quarto lugar, traga-o para a mesma freqüência que você. Aqui você estimula a pessoa a mudar pelos motivos dela. Pergunte “o que estou dizendo faz sentido?”. “Alguém pode pensar como eu estou pensando?”. “Eu sei que você não fez por mal, mas concorda que este tipo de consequência pode ocorrer”? Você estimula o liderado a elevar a consciência. Caso você perceba que a luz não acende, faça a pessoa refletir sobre os seus próprios motivos. Aqui entra o que você fez no primeiro passo. Convide a pessoa a pensar sobre os valores dela. O que ela ganha por mudar o comportamento e o que ela perde por não mudar. Esta etapa é a chave para uma pessoa mudar: ela encontra seus próprios motivos. É seu liderado que deve querer mudar. Ele percebe um ganho pessoal.

Em quinto lugar, vem talvez uma grande mudança de como muitos líderes fazem. Aqui, não diga o que o liderado deve fazer. Convide-o a criar a alternativa. Faça uma pergunta poderosa do tipo: “muito bem, o que você vai fazer de diferente a partir de agora?”. Caso ele responda “vou mudar, vou melhorar, vou ficar atento”, pergunte: “o que especificamente você vai fazer e quando”?. Mudanças não vêm com intenções, apenas com ações. Assim, estimule a pessoa a definir uma ação e uma data. Este passo cria o comprometimento do liderado. Ele é o pai da idéia, portanto se responsabiliza, se compromete e percebe mais valor na ação.
Em sexto lugar, acompanhe. Combine com a pessoa uma data para falarem sobre os resultados e os aprendizados da mudança de comportamento. Ele se compromete e valoriza a tarefa. E por favor, faça o acompanhamento. Converse sobre o que ele aprendeu na mudança.
Este processo é mais trabalhoso do que “dizer o que fazer”. Contudo, faz o principal por você e pelo outro. Por você, desenvolve a sua capacidade de liderança pois você influencia pessoas. Pelo outro, apóia o crescimento dele. Seu liderado muda o comportamento pelos motivos dele e não porque você diz para ele o que fazer. Já passou a época do bumbo e da cenoura. Pense nisso!

VOCÊ SE CONTRATARIA?


Tenho visto muita gente reclamando de dificuldade na recolocação. E se perguntando se não há algo de errado com elas, já que a economia está superaquecida. Ao que se fazem a pergunta, ou àqueles que tem errado nas contratações, vai uma reflexão que escrevi, motivado por uma discussão no LinkedIn:
Alguém dos que procuram recolocação já se colocou no lugar das empresas? Sugiro então algumas avaliações:
Responda: Poque vc e porque agora? É isso que está na cabeça de quem te entrevista. Porque eu devo te contratar e porque devo fazer isso agora. O problema é que a maioria das pessoas que busca colocação em empresas age exatamente como as empresas NÃO querem: ficam falando de si mesmos.
Enquanto não entender que a sua solução não resolve o problema de ninguém, você vai continuar no ‘desvio’.
Empresas querem profissionais para resolver os problemas delas, não para resolver o seu. Pare de olhar para o próprio umbigo, e busque resolver o problema de alguém.
Quantas vezes você foi para uma entrevista sabendo qual era o problema que aquela empresa tinha? Quantas vezes, antes de uma entrevista, você procurou conversar com pessoa que trabalham na empresa para saber qual era o principal desafio delas? Quantas vezes antes de uma entrevista vc foi para o Google estudar quem eram os clientes daquela empresa, e como o seu trabalho poderia beneficiar eles? Quantas vezes antes de uma entrevista você pesquisou o que a concorrência da empresa estava fazendo melhor que ela e que deveria estar atenta?
Durante uma entrevista, quantas vezes você fez as perguntas ao invés de respondê-las? Quando foi realmente interessado na oportunidade de ajudar a empresa? Quando demonstrou seu diferencial de forma prática, com um estudo de caso? Quantas vezes apresentou sugestões concretas de como a empresa poderia utilizar o seu potencial criativo/técnico/gerencial para resolver um problema que ela tem, e que você tem habilidades de resolver? Quantas vezes numa entrevista sugeriu que o entrevistador conversasse com um ex-cliente (cliente, não ex-chefe ou ex-colega) seu, que pudesse dar recomendações sobre seu trabalho?
E depois da entrevista, quantas vezes você enviou email de agradecimento? Quantas vezes entrou em contato para sugerir uma visita ao seu blog? Quantas vezes enviou sua newsletter para as pessoas chave na empresa, com informações relevantes para o mercado deles?
O momento de pleno emprego trouxe uma outra barreira, a da exigência. Claro que tem muito recrutador medíocre que sequer tem a educação de responder (nem que automaticamente) agradecendo o envio do CV, mas a exigência para posições chave é cada vez maior.
Como esperar que alguém consiga focar nas questões da empresa, seja obstinado em ajudar os clientes, tenha espírito colaborativo, ajude a empresa a se posicionar melhor no mercado, enfim, exerça tarefas que demandam desprendimento, generosidade e gentileza, se durante a entrevista para o cargo esta mesma pessoa só fala de si?
Me digam uma coisa, se na próxima entrevista ao invés de falar sobre si mesmo, falar sobre como você pode resolver um problema real da empresa, sua chance seria maior ou menor do que dos outros?
Considerando isto, avalie suas últimas entrevistas e pergunte-se: você se contrataria?

7 respostas a VOCÊ SE CONTRATARIA?

  1. Vladimir Silveira disse:
    Um enfoque bastante interessante, pois normalmente deixamos o entrevistador conduzir a entrevista e nos limitamos a responder o que é perguntado e não avançamos! Devemos nos apresentar como solução e apresentando a solução!
  2. Malgarete disse:
    Muito interessante teu texto, mas agora estou mais confusa ainda, porque quando vou para uma entrevista eu faço isto coloco o resultado que obtive nos últimos trabalhos realizados, faço várias perguntas, consigo de tal forma que o entrevistador diz oque quer da vaga e nas últimas 3 entrevistas, claramente disse que poderia contribuir e muito com a solução dos problemas relatados, inclusive conversamos, muito sobre o estilo de administração. Por fim a pergunta se eu me contartaria sem ser convencida sim eu me contrataria, enviei um e-mail agradecendo a entrevista e colocando-me a disposição. Pela minha frustração nenhuma das três fui chamda e nem se quer recebio o e-mail de volta agradeçendo o meu e-mail. Outra coisa quando é aberto a empresa pesquiso para saber sobre a empresa (aqui é bem mais dificil saber, porque nestes três casos a vaga era sigilosa).
    Pensei que por ter feito este tipo de entrevista é que não tinha sido selecionada, agora você diz que deveriamos agir assim. Sinceramente estou confusa. Obrigada
  3. Malgarete, algumas dicas, sem conhecer profundamente o seu caso:
    1) As empresas contratam não pelo que vc fez, ams pelo que vc pode fazer. Os resultados que vc obteve já estão no CV, então não deveriam ser objeto da conversa;
    2) Vc dizer que pode contribuir é pro forma. Qualquer um diria a mesma coisa. O diferencial está em oferecer a oportunidade de alguém que vc ajudou falar por você;
    3) Email agradecendo e se colocando a disposição é a mesma coisa. Pro forma e todo mundo faz. O diferente está em ter um contato com ‘call to action’, fazendo o recrutador vir até você, através de uma matéria no seu blog, um white paper com info relevante sobre o mercado dele, ou até mesmo um depoimento.
    Em casos de vagas sigilosas, ainda assim é possível descobrir pelo menos a indústria em que a empresa está inserida. E se vc não soube qual era a empresa, significa que não passou pelo filtro do recrutador, e não conversou com ninguém da empresa diretamente. Nesse caso vc já sabe que a empresa de RH que intermediou o contato é arcaica e velha, porque não sabe identificar uma profissional diferenciada; ou picareta e incompetente, porque prefere entregar candidato pasteurizado para a seleção. Em ambos os casos, fuja destes manés, que só vão te proporcionar cargo bomba. Abraço e Boa sorte.
  4. Por aí Vladimir. Abraço
  5. Mauren disse:
    Marcelo, excelente post. De certa forma, acabo muitas vezes falando das experiências que tive sim e mesmo sem querer seguir um roteiro, sempre procurei saber o que a empresa está buscando ao abrir a vaga. Nunca fiz isso intencionalmente, mas sempre fiz pelas empresas em que eu gostaria mesmo de trabalhar.
    Entendo o que a Margarete disse, pois já participei de algumas entrevistas onde percebo que agi desta forma, mas sem resultado também. Acredito que o problema não seja somente por ter passado por um filtro antes como uma empresa de RH; mas sim pelo fato de que o avaliador deve listar e estar ciente de que todos os requisitos que ele espera da pessoa, seja atendido de forma satisfatória.
    Outro ponto que acredito pesar nestas situações, é que ultimamente tenho sentido que meu conhecimento é maior do que a empresa está esperando. Tenho a sensação que a minha não-contratação é devido à isto. Estes dias conversei com uma amiga exatamente sobre este ponto, e ela comentou que sentiu o mesmo quando estava desempregada. Depois de muitas entrevistas, ela conseguiu uma vaga por um salário mais baixo do que estava buscando e comentou que não informou todo seu conhecimento no currículo.
    Uma pena né… pois ela é uma excelente profissional e a empresa só vai saber disso com o passar do tempo e se surgir alguma oportunidade em que ela possa demonstrar todo seu potencial.
  6. Mauren, grande ponto: infelizmente ainda existem muitos gerentes responsáveis por contratações que tem MEDO de gente mais capacitada que eles. Isso é fato.
    Mas daí cabe uma questão: é nesse tipo de empresa que vc quer trabalhar? É por esse tipo de gente que vc quer ser liderada? É nesse ambiente que vc quer desenvolver sua carreira?
    Daí eu tenho uma solução para isso: EMPREENDA! Descubra nas suas competências um problema que vc resolve, quem tem esse problema e mão na massa! Bota a cara pra bater! E derruba essa gente medíocre que só quer o conforto de um cargo.
    A não ser que vc seja uma destas pessoas que curtem zona de conforto. Daí é por esse tipo de gente chata e pequena que sua vida vai ser pautada.
    Marcelo
  7. Marcus Boller disse:
    Marcelo , excelente o seu post ,
    Sou empresário e neste momento estou a procura de uma colocação no mercado de trabalho ( a empresa continua com sócios ).
    Vc realmente tocou no ponto chave principalmente no que se refere ao ” histórico” profissional dos candidatos. Já entrevistei muitas pessoas para minha empresa e ficava extremamente irritado quando perguntava aos candidatos qual o diferencial deles para a vaga e o mesmo me relatava oq estava escrito no CV…
    Eu pensava …isso já sei , quero saber oq vc vai fazer pela minha empresa de diferente de outros candidatos..???? Pq devo contratar voce e não o outro ??? só ouvia o passado !!! não rola !!!
    Outro ponto abordado aqui é o fato da pessoa ter mais qualificação do que a vaga exige …ótimo é tudo oq eu procurava , quando aparecia esta pessoa eu nunca deixei passar contratava na hora , as pessoas não devem ter “mêdo ” das suas qualificações , só não podem é querer se ” exibir ” pq podem pegar um recrutador que infelizmente avalia com “sentimentos” e ele sim pode se sentir ameaçado, é bom nunca vamos dizer assim REVELAR todo o seu potencial.
    Parabéns pelo post.
    Marcus

NINGUÉM É SUBSTITUÍVEL!!!

Na sala de reunião de uma multinacional o diretor nervoso fala com sua
equipe de gestores.
Agita as mãos, mostra gráficos e, olhando nos olhos de cada um ameaça:
"ninguém é insubstituível"!
 A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio.
 Os gestores se entreolham, alguns abaixam a cabeça. Ninguém ousa falar nada.
 De repente um braço se levanta e o diretor se prepara para triturar o atrevido:

Alguma pergunta?
- Tenho sim. E Beethoven?
 - Como? - o encara o diretor confuso.
 - O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substituiu Beethoven?
 Silêncio…
 O funcionário fala então:
 - Ouvi essa estória esses dias, contada por um profissional que
conheço e achei muito pertinente falar sobre isso. Afinal as empresas
falam em descobrir talentos, reter talentos, mas, no fundo continuam
achando que os profissionais são peças dentro da organização e que,
quando sai um, é só encontrar outro para por no lugar. Então,
pergunto: quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi?
Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis
Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods?
Albert Einstein? Picasso? Etc.?

O rapaz fez uma pausa e continuou:
- Todos esses talentos que marcaram a história fazendo o que gostam e
o que sabem fazer bem, ou seja, fizeram seu talento brilhar. E,
portanto, mostraram que são sim, insubstituíveis. Que cada ser humano
tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma
coisa. Não estaria na hora dos líderes das organizações reverem seus
conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua
equipe, em focar no brilho de seus pontos fortes e não utilizar
energia em reparar seus 'erros ou deficiências'?

Nova pausa e prosseguiu:
- Acredito que ninguém se lembra e nem quer saber se BEETHOVEN ERA
SURDO , se PICASSO ERA INSTÁVEL , CAYMMI PREGUIÇOSO , KENNEDY
EGOCÊNTRICO, ELVIS PARANÓICO… O que queremos é sentir o prazer
produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e
melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos. Mas cabe aos
líderes de uma organização mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus
esforços, em descobrir os PONTOS FORTES DE CADA MEMBRO. Fazer brilhar
o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto.

Divagando o assunto, o rapaz continuava.
- Se um gerente ou coordenador, ainda está focado em 'melhorar as
fraquezas' de sua equipe, corre o risco de ser aquele tipo de ‘técnico
de futebol, que barraria o Garrincha por ter as pernas tortas; ou
Albert Einstein por ter notas baixas na escola; ou Beethoven por ser
surdo. E na gestão dele o mundo teria PERDIDO todos esses talentos.

Olhou a sua a volta e reparou que o Diretor, olhava para baixo
pensativo. E volta a dizer nesses termos:
- Seguindo este raciocínio, caso pudessem mudar o curso natural, os
rios seriam retos não haveria montanha, nem lagoas nem cavernas, nem
homens nem mulheres, nem sexo, nem chefes nem subordinados… Apenas
peças… E nunca me esqueço de quando o Zacarias dos Trapalhões 'foi
pra outras moradas'. Ao iniciar o programa seguinte, o Dedé entrou em
cena e falou mais ou menos assim: "Estamos todos muito tristes com a
'partida' de nosso irmão Zacarias... e hoje, para substituí-lo,
chamamos:…NINGUÉM…Pois nosso Zaca é insubstituível.” – concluiu, o
rapaz e o silêncio foi total.

Conclusão:
PORTANTO NUNCA ESQUEÇA: VOCÊ É UM TALENTO ÚNICO! COM TODA CERTEZA
NINGUÉM TE SUBSTITUIRÁ!

"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo..., mas posso
fazer alguma coisa. Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer
o pouco que posso."

"NO MUNDO SEMPRE EXISTIRÃO PESSOAS QUE VÃO TE AMAR PELO QUE VOCÊ É… E
OUTRAS… QUE VÃO TE ODIAR PELO MESMO MOTIVO… ACOSTUME-SE A ISSO… COM
MUITA PAZ DE ESPÍRITO…"

"Cuidado com os burros motivados"

Roberto ShinyashikiEm Heróis de verdade, o escritor combate a supervalorização da aparência e diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima
Camilo Vannuchi
Observador contumaz das manias humanas, Roberto Shinyashiki está cansado dos jogos de aparência que tomaram conta das corporações e das famílias. Nas entrevistas de emprego, por exemplo, os candidatos repetem o que imaginam que deve ser dito. Num teatro constante, são todos felizes, motivados, corretos, embora muitas vezes pequem na competência. Dizem-se perfeccionistas: ninguém comete falhas, ninguém erra. Como Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa) em Poema em linha reta, o psiquiatra não compartilha da síndrome de super-heróis. “Nunca conheci quem tivesse levado porrada na vida (...) Toda a gente que eu conheço e que fala comigo nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, nunca foi senão príncipe”, dizem os versos que o inspiraram a escrever Heróis de verdade (Editora Gente, 168 págs., R$ 25). Farto de semideuses, Roberto Shinyashiki faz soar seu alerta por uma mudança de atitude. “O mundo precisa de pessoas mais simples e verdadeiras.”

Istoé -Quem são os heróis de verdade?
Roberto Shinyashiki -
Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado,
viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.

Istoé -O sr. citaria exemplos?
Roberto Shinyashiki -
Dona Zilda Arns, que não vai a determinados programas de tevê nem aparece de Cartier, mas está salvando milhões de pessoas. Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito “100% Jardim Irene”. É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.

Istoé -Qual o resultado disso?
Roberto Shinyashiki -
Paranóia e depressão cada vez mais precoces. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

Istoé -Por quê?
Roberto Shinyashiki -
O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

Istoé -Há um script estabelecido?
Roberto Shinyashiki -
Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente
de multinacional no programa O aprendiz? “Qual é seu defeito?” Todos
respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal: “Eu mergulho de
cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar.” É exatamente o que o chefe
quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado
ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma
forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.
O vice-presidente de uma das maiores empresas do planeta me disse: “Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir.” Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor?

Istoé -Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?
Roberto Shinyashiki -
Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.

Istoé -Está sobrando auto-estima?
Roberto Shinyashiki -
Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa. Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas parece que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem. Há muitas mulheres solitárias no Brasil que preferem dizer que é melhor assim. Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

Istoé -Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?
Roberto Shinyashiki -
Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula. Quem vai salvar o time? O técnico. Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta. O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia: “Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham.” Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo. A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.

Istoé -O conceito muda quando a expectativa não se comprova?
Roberto Shinyashiki -
Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso. Hoje, as pessoas estão questionando o Lula em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram. A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.

Istoé -É comum colocar a culpa nos outros?
Roberto Shinyashiki -
Sim. Há uma tendência a reclamar, dar desculpas e acusar alguém. Eu vejo as pessoas escondendo suas humanidades. Todas as empresas definem uma meta de crescimento no começo do ano. O presidente estabelece que a meta
é crescer 15%, mas, se perguntar a ele em que está baseada essa expectativa, ele não vai saber responder. Ele estabelece um valor aleatoriamente, os diretores fingem que é factível e os vendedores já partem do princípio de que a meta não será cumprida e passam a buscar explicações para, no final do ano, justificar. A maioria das metas estabelecidas no Brasil não leva em conta a evolução do setor. É uma chutação total.

Istoé -Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?
Roberto Shinyashiki -
Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse. Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo. Um amigão me perguntou: “Quem decidiu publicar esse livro?” Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.

Istoé -Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?
Roberto Shinyashiki -
O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas. A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards. Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates. O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.

Istoé -Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?
Roberto Shinyashiki -
A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade. A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais. A segunda loucura é: “Você tem de estar feliz todos os dias.” A terceira é: “Você tem que comprar tudo o que puder.” O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: “Você tem de fazer as coisas do jeito certo.” Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você precisa ser feliz tomando sorvete, levando os filhos para brincar.

Istoé -O sr. visita mestres na Índia com freqüência. Há alguma parábola que o sr. aprendeu com eles que o ajude a agir?
Roberto Shinyashiki -
Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes.
Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: “Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero ser feliz.” Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis. Uma história que aprendi na Índia me ensinou muito. O sujeito fugia de um urso e caiu em um barranco. Conseguiu se pendurar em algumas raízes. O urso tentava pegá-lo. Embaixo, onças pulavam para agarrar seu pé. No maior sufoco, o sujeito olha para o lado e vê um arbusto com um morango. Ele pega o morango, admira sua beleza e o saboreia. Cada vez mais nós temos ursos e onças à nossa volta. Mas é preciso comer os morangos.

Felicidade no Trabalho

Quase metade dos profissionais é infeliz no trabalho
“Sentir-se bem, motivado, realizado e com boas perspectivas de crescimento profissional em pelo menos 70% do tempo é uma realidade para 51% dos 5.685 profissionais ouvidos por uma pesquisa que tentou detectar quem é feliz no trabalho.
Conduzido pela Right Management na América Latina, o estudo mostra que 49% das pessoas não estão contentes profissionalmente. Na divisão por sexo, os homens são mais felizes que as mulheres, 54% contra 48%.
Por faixa etária, os mais jovens são os mais descontentes. Até os 35 anos de idade, a maioria diz não estar feliz no trabalho.
A partir dessa idade ocorre o contrário, com a maioria afirmando estar realizada profissionalmente. Os mais velhos, profissionais com mais de 65 anos, são os mais felizes entre todos os pesquisados (88%).”
Felicidade.O Pão de Açúcar quer saber o que faz você feliz.
A Coca quer que você a abra.
Inúmeros livros tentam te ajudar a alcançá-la.
Pesquisas apontam que você é mais produtivo com ela.
E mesmo assim a verdade é que pouquíssimos convivem com ela no trabalho…
Por quê?
É porque os líderes não criam ambientes de trabalho felizes?
É porque o trabalho é inerentemente triste?
Ou talvez é por causa de nossas atitudes em relação ao trabalho?
Aqui realmente não há uma resposta definitiva.
Um chefe negativo, condições de trabalho ruins ou uma cultura tóxica podem certamente deixar as pessoas infelizes.
Também tenho observado como os líderes podem criar funcionários mais felizes e mais produtivos construindo a cultura e o ambiente certo.
Entretanto, acredito que o maior determinante de nossa felicidade no trabalho somos nós.
Nossa felicidade tem menos a ver com forças externas e mais a ver com o que está dentro de nós.
Felicidade é uma questão interna.
Nossa felicidade não vem do trabalho que fazemos mas de como nos sentimos em relação ao trabalho que realizamos.
Tenho encontrado motoristas de onibus, porteiros e funcionários de lanchonetes que são mais apaixonados pelos seus trabalhos e mais felizes que alguns jogadores de futebol que ganham milhões de reais.
A maneira como pensamos, sentimos e abordamos o trabalho influencia nossa felicidade nele.
Podemos ser mais felizes focando no que PODEMOS fazer ao invés do que TEMOS que fazer. Podemos nos dar conta que a habilidade de realizar um trabalho é uma dádiva e não uma obrigação.
Podemos curtir mais nosso trabalho criando uma nova forma de mensurá-lo. Ao invés de nos compararmos com os demais, podemos medir-nos contra o nosso próprio crescimento e potencial. A cada dia podemos ir trabalhar tendo em mente que hoje seremos melhores do que fomos ontem e que amanhã seremos melhores do que somos hoje.
Também podemos aprimorar nossa felicidade ignorando a negatividade ao nosso redor. Gandhi disse, “Não vou permitir que ninguém circule em minha mente com os pés sujos“.
Nem nós devemos permitir isso também.
Ao invés de ficar ouvindo as vozes negativas, vamos nos concentrar nas nossas escolhas positivas. Não podemos dirigir a carreira de outra pesssoa. Não podemos controlar a atitude do outro, mas podemos sim controlar nossa mente. Nosso trabalho é dirigir nossa carreira e fazê-lo de forma espetacular. Se nos concentrarmos no positivo e ignorarmos o negativo, nossa felicidade vai decolar.
Podemos ainda energizar nossas funções trabalhando em prol de um propósito maior. Pesquisas apontam que alavancamos o nosso melhor quando estamos investindo nossa capacidade e talento num propósito que vai além de nós. Todo trabalho vai acabar ficando velho e mundano (se permitirmos). Mas um propósito vai mantê-lo novo em folha. Sempre. Um propósito nos alimenta. Quando trabalhamos por um propósito maior, encontramos uma fonte inesgotável de felicidade no trabalho.
Felicidade no trabalho? Perfeitamente alcançável!
O melhor de tudo é que podemos decidir o quão felizes queremos ser. Seja respondendo na ponta da língua o que nos faz feliz, abrindo a felicidade, compartilhando felicidade ou criando-a, lembre-se que felicidade é uma questão interna que você pode solucioná-la no trabalho ainda hoje!
Para finalizar, quero compartilhar esta singela mensagem de uma amiga minha da qual não recebia notícias há muito tempo e que sumariza muito do que acabei de escrever:
“Oi Pablo, tudo bem, como você anda?
Não sei se se lembra de mim, estudamos juntos na Unip.
Escrevo depois de muito tempo, para te contar uma coisa curiosa, como muitas são na vida rs.
Na verdade, pela vida profissional passamos por muitas coisas, e muitas pessoas, e algumas delas nos marcam especialmente.
Bom, te escrevo para te contar que um dos meus maiores crescimentos profissionais veio de uma “bronca sua”, muito bem dada, na Unip.
Eu estava naquela fase inicial da vida profissional, e numa aula com vocês, reclamando de algo da empresa em que eu trabalhava na época. E você me disse: poxa, se você não gosta tanto assim, por que você não sai?
Lembro que depois pensei muito sobre isso e fiquei com vergonha das minhas reclamações, e a partir daí eu entendi que devia fazer algo a respeito de tudo, e não reclamar. Não entrar nas conversas das rodinhas, dos corredores, mas fazer.
E isso foi o começo de um grande amadurecimento e mudança. Enfim, depois de um tempão, quando estava gerenciando os meus próprios analistas, e percebia que eles estavam fazendo o mesmo, eu sempre lembrava daquela conversa, e dizia para eles que uma das principais coisas que divide quem cresce e quem demora para crescer, é essa atitude de ouvir a conversa dos corredores, ao invés de entender a posição da empresa, pensar como os líderes, e fazer o seu melhor trabalho.
Sempre penso em te contar isso, e depois esqueço. Até que hoje eu lembrei e escrevi ;-)
Beijos, Patrícia”

E você?
Como lida com a possibilidade de ser feliz no trabalho?
Compartilhe sua opinião e sua estratégia com os demais nos “comentários” abaixo…
E para estes e outros dilemas profissionais, conte comigo.
Pablo
Discussão: Felicidade no Trabalho
“Quem sabe o que o mundo esta pensando?” A pergunta é simples mas ninguém sabia a resposta. Por isto foi criado um projeto monstruoso se chama “World Poll”. Neste “World Poll” milhões e milhões de pessoas em mais do que 100 países foram entrevistados justamente para descobrir o que o mundo esta pensando e o que o mundo esta querendo. E a melhor descoberta desse projeto é o conhecimento que o mundo inteiro quer um bom trabalho. Isto já pode dar uma indicação que trabalho pode trazer felicidade.
Mas felicidade é um termo muito subjetivo. O que é felicidade para você pode ser uma outra coisa para uma outra pessoa. Talvez podemos substituir a palavra “felicidade” com a palavra “bem-estar”? Ciência moderna usa cinco grupos de “bem-estar” para investigar se pessoas estão indo bem na vida ou não. Esses cinco grupos são:
• Bem-estar na sua carreira ou seja como você gosta o que você esta fazendo todos os dias

• Bem-estar nos seus relacionamentos

• Bem-estar nas suas finanças

• Bem-estar na sua saúde

• Bem estar na sua comunidade

A empresa onde você trabalha tem muitas possibilidades para influenciar todos esses cinco grupos. Você realmente gosta o que você faz no trabalho? Você tem boas relacionamentos no trabalho? Você sente segurança para seu lugar no trabalho e não se precisa preocupar com seu salário? Você recebe comida saudável no trabalho e talvez a sua empresa incentiva você para prática esportes? A empresa (com suas funcionários) dar benefícios de volta para a comunidade? Todo isto são exemplos como uma empresa pode ajudar o “bem-estar”dos seus funcionários. Se uma empresa ajude o “bem-estar” dos seus funcionários ela vai transformar funcionários comuns em funcionários comprometidos. E a ciência moderna descobriu se a única coisa uma empresa faz diferente é tornar seus funcionários em funcionários comprometidos tem uma grande chance que os resultados financeiros da empresa crescem até 70%.

Por isto é obvio para mim que seu trabalho pode trazer “felicidade” e este “felicidade” vai se tornar em melhores resultados financeiro para a empresa.
Publicado por: Florian Pass
Francisco Carlos LuquiariPablo,concordo com voce a geração de hoje dificilmente está contente com o trabalho,acho que o maior culpado de tudo isto pode ser a forma como estão sendo supervalorizados os profissionais de hoje que não são diferentes dos profissionais das gerações anteriores cada qual em eseu tempo.Acho isto um risco muito grande,pois cada vez mais o mercado está sendo colocado na mão de profissionais que tem valores altíssimos para sua pouca idade,porém faltam-lhes bagagem para segurar o fardo pesado,a responsabilidade.Vejo pessoas taletosas,com bons salários e com carreira promissora e nas primeiras vezes em que é barrado em um projeto já começa a se tornar"infeliz",pergunto com todas as necessidades da piramide atendidas por que "infeliz"?E aí o profissional pega sua malinha e as empresas tem que começar tudo de novo,sou de uma outra geração,acho que até posso estar errado mas prefiro as pessoas em que posso acreditar que brigarão junto comigo até o fim.Não tive intenção de criticar nenhuma geração,muito ao contrário gosto de trabalhar com jovens,desenvolvem muito rápido e tem o direito de procurar o melhor para si, mas acho que o mercado precisa fazê-los valorizar um pouco mais as oportunidades oferecidas

Internet se transforma em aliada na compra da casa própria

Construtoras e imobiliárias oferecem ferramentas para facilitar escolha de imóvel; veja os riscos e conheça seus direitos

Soraia Duarte, especial para o iG | 31/08/2011
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Já pensou em comprar uma casa ou apartamento pela televisão? Esse é o novo hábito que a Tecnisa, construtora e incorporadora sediada em São Paulo, espera estimular a partir de setembro, quando algumas “smart TVs” – aquelas que contam com dispositivos que permitem acessar conteúdos na web – passarão a ser vendidas com aplicativos para navegar por seu website. “Será mais um canal de relacionamento com os clientes”, resume Romeo Busarello, diretor de E-business e Relacionamento com Clientes da Tecnisa.
A novidade visa atrair o público para o site da Tecnisa, que já oferece diversos aplicativos compatíveis com tablets e smartphones e está presente nas principais redes sociais. O investimento em novas tecnologias vai ao encontro dos resultados já obtidos pela empresa. A cada 100 pessoas que compraram apartamentos da Tecnisa no ano passado, 97 chegaram ao imóvel pela web. “A internet é o principal canal de vendas e de construção da nossa marca”, afirma Busarello.
O esforço de fortalecer a presença na internet não é uma exclusividade da Tecnisa. Há dois anos, a MRV, construtora sediada em Belo Horizonte, investiu na criação de uma equipe de corretores que permanece online 24 horas por dia. “Notamos que 20% dos clientes acessavam nosso site fora do horário comercial”, justifica Rodrigo Resende, diretor de marketing da MRV. E a construtora tem apostado nesse tipo de atendimento. Afinal, 30% das vendas do ano passado – que totalizaram 36 mil imóveis – foram iniciadas com essa interação virtual. Nesse ano, Resende diz que espera elevar essa parcela para 35% das vendas.

Já a Lopes, empresa paulista de comercialização de imóveis, tem ampliado a oferta de aplicativos. Neste mês passou a oferecer a ferramenta para iPhone, após ter lançado, em junho, a versão mobile de seu portal. No dia do lançamento do aplicativo, de acordo com Adriana Sanches, gerente de marketing da Lopes, foram contabilizados mais de 300 downloads. “Todas as iniciativas relacionadas à internet são bem recebidas pelos clientes”, acredita. “Uma empresa do mercado imobiliário não pode deixar de dar atenção a isso”, enfatiza.
Essa concorrência virtual entre as empresas, na avaliação de Luciano de Souza Godoy, professor de Direito Civil da Faculdade de Direito Fundação Getulio Vargas (FGV), é bastante positiva para quem quer comprar um imóvel. “A grande vantagem da internet é o acesso à informação”, afirma. “É um benefício pesquisar preços, condições de pagamento, qualidade e localização sem despender um dia de trabalho ou o fim de semana”.

Foto: Divulgação
Luciano de Souza Godoy, da FGV: "a grande vantagem da internet é o acesso à informação"

Internet substituiu classificados
A opinião é compartilhada por Gerson Rolim, consultor da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico. A internet, afirma, é de grande ajuda para a pesquisa de imóveis prontos, substituindo os antigos classificados de jornais. Mas as muitas ferramentas que hoje são disponibilizadas pelos sites das construtoras são especialmente úteis para imóveis na planta. “Permitem a experimentação do imóvel sem que ele exista”, diz.
As facilidades não param aí. A expansão do crédito para os imóveis, nos últimos anos, aliada ao aumento de oferta de casas e apartamentos, refletiu-se em um processo de compra menos burocrático e mais acessível. Godoy comenta que as exigências de documentos, por parte das construtoras, são menores que tempos atrás. Para alguns empreendimentos, basta apresentar CPF, RG e certidão de casamento, quando for o caso, com o único intuito de checar o regime de comunhão. Comprovante de renda, obrigatório em qualquer compra em um passado não muito distante, nem sempre é pedido, principalmente em empreendimentos voltados à classe C.
“Muitos não têm como comprovar a renda, o que inviabilizaria a transação”, diz Godoy. Para levantar informações sobre os compradores, as construtoras acabam recorrendo a bancos de dados, como os da Serasa e do SPC (Sistema de Proteção ao Crédito). “Com tanta concorrência, quem é mais burocrático, perde o negócio”.
A adesão aos sites das corretoras tem sido crescente. Porém, comenta Godoy, são poucos os que sabem que os sites das construtoras são uma espécie de pré-contrato, sob a ótica jurídica. “O site da construtora ou incorporadora é uma proposta”, explica Godoy. Por isso, ao concordar os termos, o comprador deve assinar um documento pessoalmente, saindo do contato virtual com a construtora, etapa que também é viabilizada sem maiores complicações. Muitas construtoras ou incorporadoras levam o documento até o comprador, para colher a assinatura.

Direitos dos clientes
Comprar um imóvel pela internet – ou apenas iniciar os contatos para essa negociação - envolve cuidados e direitos similares às transações do mundo real. É preciso verificar a existência, solidez ou idoneidade da construtora ou imobiliária. Essa prática, no caso de imóveis na planta, deve ser acrescida ao acompanhamento e supervisão da obra.
Já em relação aos direitos, o cliente tem assegurado o cumprimento da proposta. No caso de atraso da entrega do imóvel, o comprador tem direito a ser ressarcido com a multa que recai sobre a construtora. Mas quem compra pela internet, ainda que tenha apenas iniciado os contatos pelos portais dos imóveis, tem um direito adicional, que é o de se arrepender. Previsto no Código de Defesa do Consumidor, permite que o comprador desista da compra até sete dias corridos após a assinatura do contrato, sem ter de justificar as razões e com a segurança de ter a devolução dos valores pagos. “Comprar um imóvel em casa, pela internet, deixa o comprador em uma condição vulnerável”, justifica Godoy. “Por isso, a lei prevê que ele pode se arrepender”.
Por um lado, o comprador encontra uma burocracia mais branda na compra de imóveis. Mas as construtoras e incorporadoras também estão mais seguras, pois houve uma melhora das garantias para que retomem os imóveis dos inadimplentes. Godoy explica que, caso o comprador acumule três prestações em atraso, poderá ser cobrado e correrá o risco de ter de desocupar o imóvel em até seis meses. “Apesar das facilidades, as pessoas precisam ter consciência do nível de endividamento”, alerta. Depois de devolver o imóvel à construtora, ele será encaminhado a leilão. Nessa etapa, já será tarde para se arrepender.

Comprar casa para morar ou alugar pode ser um bom negócio

Mercado imobiliário chegou ao equilíbrio, mas demanda e crédito devem manter preços em leve alta, dizem especialistas

Olívia Alonso, iG São Paulo | 25/07/2011
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Em diversas cidades brasileiras, o aumento dos preços dos imóveis virou conversa de bar. “Quando encontrava os amigos, alguém acabava comentando sobre a vontade de mudar de casa ou de comprar um apartamento e reclamava dos preços altos em diversas cidades,” diz a economista Rafaela Laguna, de 30 anos. De fato, os preços de casas e apartamentos subiram em várias regiões do Brasil, puxados principalmente pelo fácil acesso ao crédito e o crescimento econômico do País. Mas, agora que o momento de disparada passou, as perguntas são outras: “Será que os preços vão continuar subinto tanto? Esse é um bom momento para comprar imóveis?”.

Foto: Pedro Kirilos/RioturAmpliar
Região sul do Rio de Janeiro: mercado imobiliário da cidade seguirá aquecido

Para especialistas, o mercado imobiliário brasileiro chegou a um equilíbrio. “Atingimos patamares de comercialização equilibrados com a situação do País e a níveis de preços equilibrados com o bolso do consumidor,” afirma João Crestana, presidente do Secovi-SP. Depois do forte crescimento do setor em 2010, agora o momento é de acomodação, acrescenta Ricardo Almeida, professor de Finanças do Insper. Segundo ele, isso é resultado dos esforços do governo para a contenção do crédito na economia para o controle da inflação. “Os preços dos imóveis sobem conforme a concessão de crédito,” afirma.
A acomodação do mercado imobiliário não quer dizer, entretanto, que os preços vão cair. Assim, não vale a pena ficar esperando uma bolha para comprar o tão sonhado apartamento. “Quem ficar esperando uma bolha estourar por quatro anos, terá morado mal por quatro anos,” diz Almeida.
Também pode valer a pena, em alguns casos, comprar um segundo imóvel para alugar para terceiros e ter uma renda extra, ou então pensando na aposentadoria, segundo os especilistas. "Muitas pessoas se sentem confortáveis em aplicar em bens tangíveis, como os imóveis, então, nestes casos, pode ser uma boa compra," diz Nélson de Souza, professor de Finanças do Ibmec.

Por outro lado, não é aconselhável comprar imóveis como especulação, com o objetivo de vender e ganhar dinheiro com uma eventual valorização. Na avaliação dos especialistas, há melhores opções de investimento, como por exemplo os fundos imobiliários, títulos do Tesouro Direto, ou mesmo ações na bolsa de valores. "A menos que o investidor perceba que há uma boa expectativa de crescimento na região do imóvel, não creio que terá uma valorização muito expressiva," afirma Souza.
A expectativa dos especialistas é que os valores dos imóveis acompanhem a inflação de agora em diante. “Devem subir um pouco acima, como tradicionalmente acontece no mercado de imóveis. Será uma acomodação direcionada para cima,” afirma Crestana.

Preços em leve alta
A queda dos preços não deverá acontecer, segundo os especialistas, porque ainda há crédito disponível, - apesar da desaceleração - a um valor acessível. “É possível tomar dinheiro a uma taxa de juros de 9% ao ano e, ao mesmo tempo, investir parte do capital e obter um rendimento de 10% ao ano,” diz Souza.
Além disso, as construtoras seguem fazendo lançamentos e também há uma grande procura por novas casas. O que deve continuar puxando a demanda, segundo os especialistas, é o “desejo da casa própria”. “Há milhares de famílias brasileiras sedentas por bons imóveis,” diz Almeida. “O sonho de morar bem é prioridade para a maioria dos brasileiros,” acrescenta Crestana.
Segundo o presidente do Secovi-SP, cerca de 80% dos imóveis novos brasileiros valem entre R$ 150 e R$ 300 mil. Nesta faixa, há um enorme deficit habitacional no País, estimado em cerca de 6 milhões de unidades. “Uma parte são pessoas que moram inadequadamente e uma parte em coabitação, que são aquelas que vivem com parentes ou amigos,” diz Crestana.

Foto: AEAmpliar
Apesar de uma acomodação dos preços, crédito e demanda forte devem manter mercado apontado para cima
Além deste deficit, cerca de 1,2 milhão de novas famílias demandam novas residências todos os anos. Como os números são grandes, durante muitos anos ainda haverá um saldo habitacional deficitário no Brasil, segundo os especialistas. “A minha expectativa é que o País consiga fornecer casas para os novos (1,2 milhão) e, aos poucos, cobrir essa falta. Calculo entre 6% e 8% ao ano,” diz Crestana. Assim, serão necessários pelo menos 10 anos para zerar a conta.
Os especialistas descartam também que haverá uma grande oferta de imóveis de investidores que tenham comprado apartamentos esperando um ganho com valorização. “Quem compra para investir está no topo da pirâmide. São pessoas que geralmente não têm pressa para vender e, ainda que vendam sem grandes ganhos, de forma alguma caracterizam uma tendência,” diz Crestana. “Em geral, a pessoa física reluta muito para vender um imóvel com prejuízo,” acrescenta Almeida.

Pós-boom
Desde a crise de 2008, o governo passou a adotar práticas de conceder mais crédito. No passado, os bancos estatais facilitaram ainda mais os empréstimos para fins imobiliários, tanto para construtoras, como para compradores, segundo o professor do Insper. “O crédito subiu de algo em torno de 18% [do Produto Interno Bruto – PIB] em 2004 para perto de 45% em 2010,” diz Almeida.
O presidente do Secovi acrescenta que 2010 foi o ano em que as empresas voltaram a oferecer muitos imóveis – depois de terem reduzido as obras e cortado equipes após a crise de 2008. “As famílias voltaram a querer comprar e as empresas, por sua vez, viram que as consequências da crise não seriam tão sérias e voltaram a construir,” diz Crestana.
Em 2011, no entanto, a preocupação com a inflação entrou em cena e a situação mudou. A regra passou a ser a tentativa de desaceleração da economia. “Já estamos vendo um crescimento menor do crédito,” comenta Almeida. O mercado imobiliário refletiu a mudança.
Em São Paulo, por exemplo, o número de vendas de imóveis novos caiu 34,3% nos primeiros cinco meses de 2011 em relação ao mesmo período de 2010, segundo dados do Secovi-SP. Enquanto isso, o número de lançamentos cresceu apenas 0,8% na mesma comparação.

Regiões
Os especialistas acrescentam que, apesar de ser possível identificar uma tendência de acomodação com leve alta no mercado imobiliário brasileiro, cada região tem suas particularidades. Assim, sempre é possível que investidores encontrem seus “achados”, e consigam comprar imóveis que terão valorizações altíssimas em pouco tempo. "É preciso ver a tendência da cidade, do bairro. Há regiões, como nos Jardins, em São Paulo, em que há vetores de crescimento," diz Souza.
“Em alguns lugares, ainda há espaço para os valores dos imóveis subirem com mais intensidade,” acrescenta. A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, vive um momento diferente das outras capitais brasileiras em função dos Jogos Olímpicos de 2016, que acabam causando um alvoroço no mercado, segundo o professor do Ibmec. “Além disso, diversas empresas estão comprando imóveis para seus executivos, o que também contribui para elevar os preços na capital carioca”.
Ao mesmo tempo, também pode acontecer uma queda de preços em algum local. “Em alguma cidade que tenha a economia muito concentrada em alguma atividade específica, por exemplo, é possível que o desaquecimento desta atividade pressione o mercado imobiliário”, diz Almeida, do Insper. Outro exemplo de particularidade é Goiânia. A capital de Goiás teve um processo de valorização imobiliária um pouco mais atrasado e ainda poderá vivenciar uma alta de preços.

Setor imobiliário vê sinal amarelo e desacelera

Sindicato do setor em SP divulgou uma queda de 16,2% nas vendas de imóveis residenciais novos na capital paulista em março

Reuters | 30/05/2011
Após forte crescimento nos últimos anos, o setor imobiliário começa a dar indicações mais fortes de desaquecimento, pressionado, sobretudo, por preços altos, desaceleração da demanda e ritmo menor de lançamentos.
O sinal amarelo acendeu já no primeiro trimestre deste ano, quando construtoras e incorporadoras apresentaram dados de vendas e lançamentos bem abaixo dos vistos em 2010.

Mais recentemente, o Secovi-SP, sindicato que representa o setor em São Paulo, divulgou uma queda de 61,8% nas vendas de imóveis residenciais novos na capital paulista em março contra um ano antes e recuo de 16,2% sobre fevereiro.
"Redução do crédito, aumento das taxas de juros e migração de investimentos em poupança para outros com retorno maior têm contribuído para um arrefecimento da demanda", afirma o economista e professor de Finanças da BBS Business School, Ricardo Torres.
Mais otimista, o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, disse à Reuters na ocasião da divulgação dos dados de março que a queda foi pressionada por questões sazonais. "O primeiro trimestre sazonalmente é o que vende menos e esse ano foi agravado pelo Carnaval no início de março. A comparação anual também é muito dura. No primeiro trimestre de 2010 o país vivia uma euforia total."
Somado a isso, a segunda fase do "Minha Casa, Minha Vida", que ainda não saiu do papel, vem pesando sobre a demanda, principalmente a da população de baixa renda. De fato, há um ano, o programa habitacional do governo era citado pelo mercado como o principal motor de crescimento do setor.
"Isso (paralisação do programa) causa represamento. Quem depende do subsídio para comprar um imóvel vai aguardar", assinala o analista Wesley Bernabé, do BB Investimentos.
"As empresas colocaram o pé no freio em lançamentos em meio à discussão de aumento de preços (dentro do programa) e o setor já vem sofrendo pressão de custos. Hoje uma parcela representativa do mercado ficou em 'standby'", diz o analista Marcos Pereira, da Votorantim Corretora.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o nível de atividade da indústria da construção civil caiu para 48,3 pontos em abril, contra 49,5 no mês anterior. Valores acima de 50 indicam crescimento da atividade e expectativa positiva.
"O ritmo de crescimento das empresas (do setor imobiliário) deve ter uma nova realidade, mais alinhado com o Produto Interno Bruto", afirma Pereira.

Preços e estoques preocupam
Tema recorrente em discussões sobre os rumos do setor, a forte valorização imobiliária vista nos últimos anos é outro fator que divide opiniões entre agentes de mercado.
Enquanto alguns defendem que houve uma correção natural de preços após anos de estagnação, outros apontam que a queda de preços é necessária para sobrevivência das construtoras.
"As incorporadoras não têm mais como comprar terrenos em grandes cidades e ainda têm estoque gigantesco para vender. Têm que oferecer descontos para atrair investidores", afirma Torres, da BBS.
O analista Pereira, da Votorantim, concorda que as distorções de preços exigirão certa correção para que os estoques de imóveis sejam desovados. "Há um estoque crescente, que tende a aumentar. Pode haver pressão de estoque até o final do ano, resultado do crescimento dos últimos anos."
Por outro lado, Bernabé, do BB Investimentos, não vê os estoques influenciando a curva de preços para baixo.
"Se os preços caírem muito, há desestimulo muito grande", afirma. "Se o estoque de unidades prontas atingir um nível maior que o atual, as empresas vão começar a revisar as metas de lançamentos. Não vejo relação com preços."
No mesmo sentido, Petrucci, do Secovi, é taxativo: "Preço de imóvel não cai, principalmente preço de imóvel novo".

Nem imóveis, nem ações
A desaceleração do setor vem refletindo também nas ações de construtoras na bolsa.
"Não é hora de comprar imóvel nem ação das empresas. O momento é muito delicado", diz o economista e professor da BBS. "Os preços, tanto de imóveis quanto de ações, perderam o contato com a realidade. Não é um bom investimento hoje."
O analista da Votorantim cita a deterioração geral da bolsa como um aspecto bastante negativo para as empresas do setor imobiliário, muito dependente de capital estrangeiro.
O Imob, índice que mede o desempenho de 18 ações do setor imobiliário na Bovespa, acumula queda de 7,6% no ano até 27 de maio, um pouco pior que o do Ibovespa --que reúne as ações mais líquidas da bolsa paulista e registra queda de 7,2% no mesmo intervalo.
"Enquanto a bolsa continuar enfraquecida, o setor imobiliário não deve ser uma aposta", avalia Pereira.
Ele cita ainda a forte pressão de custos sofrida pelas grandes empresas do setor no quarto trimestre de 2010 como responsável por passar uma mensagem negativa aos investidores.
"Não acho que no curto prazo essa percepção negativa vá mudar, talvez no segundo semestre", diz.