terça-feira, 23 de agosto de 2011

Corretores de Imóveis não são treinados para gestão de vendas

Qua, 06 de Abril de 2011
"Se você está desempregado ou deseja mudar de profissão, uma ótima dica é se tornar um corretor de imóveis. Qualquer pessoa pode ser um corretor de imóveis podendo trabalhar por conta própria ou junto a uma construtora, imobiliária, etc. Para virar um corretor de imóveis é muito simples e você pode fazer pela Internet. (...) Você pode fazer o curso sem sair de casa e receber o diploma e ainda se registrar junto ao CRECI." (Trecho retirado do portal hostpobre.com)

Para Cláudio Tomanini, Professor de MBA da FGV em Gestão de Vendas; Palestrante e autor do Livro "Na Trilha do Sucesso", este trecho encontrado na web chega a parecer uma piada. "É um absurdo a profissão de vendas ser tratada como algo simples e fácil, para se fazer só porque um indivíduo está desempregado", diz Tomanini. "Vender não é nada simples, muito menos imóveis, que dizem respeito aos sonhos dos clientes, seus desejos de aumentar a família, de casamento, de ter uma casa própria.", completa.

Segundo o especialista o mercado de imóveis vende bem hoje, unicamente por demanda. Ainda existe um aquecimento forte nesse setor, e enquanto isso, mesmo mal atendidos, alguns clientes permanecem comprando. "Se perguntarmos a alguém que procurou ou esteja procurando apartamento atualmente: quantas vezes foi bem atendido em plantão de vendas? Ou ouantas vezes o profissional tinha conhecimento profundo do produto vendido? Ou ainda quantos profissionais tinham um perfil de consultores, levando em conta seus reais desejos? A maioria das respostas será negativa".

Isso acontece porque enquanto as construtoras e posteriormente as intermediadoras de vendas de imóveis investem pesadamente em materiais impressos e visuais de excelente qualidade, quase não há investimento em treinamento da força de vendas.

"O corretor ganha porcentagem em cima do imóvel vendido e nada mais. Só ganha se conseguir vender. Isso gera um desinteresse absurdo no processo todo de atendimento. Só se foca na assinatura da venda, e nada mais. É preciso gerar experiência positiva", explica Tomanini. "O cliente que compra hoje, pode querer vender e comprar outro amanhã. E com certeza vai buscar aquele profissional que deixou uma marca positiva com atendimento de qualidade".

No mercado de imóveis usados o desinteresse e despreparo são ainda maiores. "O cliente quer um imóvel de 300 metros quadrados e o corretor liga oferecendo um de 55, dizendo que é um negócio e tanto, que não se pode perder. Isso é total descaso com os verdadeiros interesses do cliente. Isso é simplesmente atender de maneira pífia, e não entender e gerar relacionamento".

Outra característica negativa levantada por Tomanini é a falta de conhecimento dos imóveis mostrados. "O cliente entra com o corretor em um imóvel, ele aponta e vai descrevendo: 'pia dupla no banheiro; piso de madeira; paredes pintadas; coifa embutida; balcão de mármore', como se o comprador fosse cego! E a informação que não se vê e que só um corretor bem informado e preparado pode transmitir?";

A questão é: quando acabar a demanda reprimida e o mercado desacelerar, aí sim, restarão os corretores mais qualificados e preparados. "A Associação deveria ser mais rígida em relação aos profissionais que recebem o direito de exercer a corretagem". Para Tomanini, deveria haver investimento nesse setor para mais treinamento. "São comissões altíssimas para pouquíssima qualificação. O mercado consumidor não será mais tolerante com mau atendimento a preços altos".

O próprio profissional pode buscar seu diferencial e oferecer um atendimento excelente, e uma experiência de compra positiva aos seus clientes. "No momento de indicar um corretor a um amigo que procura imóvel, ou ao trocar de imóvel, os clientes vão atrás de quem confiaram, daquele que lhes proporcionou uma experiência memorável", garante Cláudio.
Para isso, é preciso conhecer, pesquisar, aprender a respeitar os limites impostos pelos compradores e prestar um serviço 100% de qualidade. "É possível se diferenciar, ainda mais em um momento quando todos atuam de maneira igual e despreparada. No futuro do mercado, os corretores que correrem atrás da competência, serão sempre lembrados", garante o especialista.

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