quarta-feira, 24 de agosto de 2011

TRABALHO | Tormento ou Liberdade?

Não é paradoxal que não se trabalhe justamente no Dia do Trabalho? Mas possivelmente esse é o menor dos paradoxos dessa atividade tão humanamente contraditória a ponto de libertar e causar tormento ao mesmo tempo. Basta lembrar que o homem só se livrou da vida selvagem e se diferenciou dos demais animais pela capacidade que tem de trabalhar e construir seu futuro.
Porém, historicamente o trabalho esteve associado ao sofrimento. A própria palavra usada para definir as atividades laborais traz em si essa acepção de dor. O termo “trabalho” se originou do latim “tripalium”, um instrumento de tortura usado pelos antigos romanos. Sim, o trabalho, em sua origem, é o mesmo que tortura.
 
No Gênesis bíblico, Adão e Eva, depois de comerem o fruto proibido, são expulsos do Paraíso – um lugar onde supostamente não se trabalhava. Adão é condenado a ganhar o pão de cada dia com o suor do rosto. E Eva, a sofrer as dores de pôr filhos no mundo – o famigerado trabalho de parto.
 
Por séculos, o trabalhador também foi um sujeito malvisto. Na Grécia Antiga, chique mesmo era ser ocioso. O ideal do grego era ser um filósofo, um pensador, e não um trabalhador. Mas, como pensar não enche a barriga de ninguém, os gregos tinham seus escravos para arregaçar as mangas. Já na Idade Média, das três classes sociais, apenas uma trabalhava. O clero rezava e salvava almas. Os nobres guerreavam e faziam política. Sobrou para os servos a lida diária. Sabendo disso, não é curioso ouvir hoje que o trabalho enobrece?
Mas a verdade é que foi só mais recentemente, do ponto de vista histórico, que o trabalho ganhou dignidade social. O ócio dos gregos passou a ser visto como vagabundagem. Tudo isso foi fruto de pensadores principalmente de nações protestantes, que perceberam que é o trabalho que gera riqueza. Nesses países – notadamente Estados Unidos e Inglaterra –, se criaram condições para que as pessoas possam crescer a partir de seu próprio esforço. E contingentes imensos de pessoas se libertaram da pobreza.

Mas a liberdade do trabalho no mundo moderno também trouxe consigo dois novos e sutis tipos de tormento: a angústia de ser um “sem-trabalho” na sociedade do trabalho e o drama de viver para trabalhar e não trabalhar para viver. E você? Qual é a sua relação com o trabalho: de liberdade ou de sofrimento? Que tal pensar nisso?

Autor(a): Adaptação do texto de Fernando Martins by www.gazetadopovo.com.br

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