quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Espigões low profile

VALOR ECONÔMICO
Blue Chip=
Uma parte importante do skyline de São Paulo - avenida Paulista, Faria Lima e o eixo do rio Pinheiros - nasceu da mesma prancheta (ou do mesmo computador). O Rochaverá Corporate Towers, pano de fundo frequente de propagandas de automóveis gravadas na cidade, o E-Tower, um dos edifícios mais altos de São Paulo, e tantos outros arranha-céus em sequência quase ininterrupta na marginal foram projetados pelo escritório Aflalo e Gasperini - o mais antigo em atividade do Brasil, 50 anos recém-completados e mais de mil projetos executados. Diante dos espigões envidraçados do portfólio da empresa, sua atual sede é uma interessante quebra de expectativa. Ela ocupa dois andares de um prédio de 11 pisos com um grande vão livre no térreo escondidinho em uma rua estreita do Itaim, o Atrium II. "Mas, assim como todos os outros lugares por onde passamos, foi projetado por nós", faz questão de frisar Gian Carlo Gasperini - 85 anos, livre-docente da FAU-USP e um dos três sócios da companhia. Os outros dois, Luiz Felipe e Roberto Aflalo, são filhos de Roberto Alflalo, que, com Plínio Croce e Gasperini, fundou o escritório em 1961. Roberto Filho diz que as sucessivas mudanças de sede acompanharam os momentos de crise e de prosperidade do escritório. Quando se estabeleceram na rua do Rocio, em 1991, o setor de construção civil ainda cambaleava ante a crise severa vivida nos anos 80. A Vila Olímpia era um bairro industrial. Da janela do Atrium II viam-se poucos prédios comerciais, muitos telhados de amianto. O tempo passou, os espigões envidraçados começaram a se acotovelar pelo bairro, os negócios voltaram a melhorar e eles decidiram ficar por ali mesmo. "Temos um espaço grande aqui, onde a equipe fica integrada. Estamos confortáveis", diz Gasperini.
Espigões I
Este é, segundo Roberto, o período mais próspero já vivido pelo escritório, que conta hoje com o número recorde de cem colaboradores. Antes bastante restrito a São Paulo, ele começa a receber propostas de Curitiba, Brasília, Belo Horizonte- de empresas locais, não mais apenas dos parceiros paulistas. "O Brasil ainda está por fazer. Nosso escritório mudou de escala porque o país mudou de escala", afirma. Para dar conta do novo volume de projetos, o trio montou em 2008 uma equipe de criação, a qual supervisiona de perto, para tocar parte da demanda. Até então, os sócios tinham um envolvimento visceral com cada uma das empreitadas. A sucessão - pouco comum em escritórios de arquitetura, que geralmente não sobrevivem à primeira geração -, está sendo debatida há quase cinco anos. "Estamos loucos pra passar o bastão", brinca Luiz Felipe. Parte da terceira geração deve vir dos talentos descobertos pelo escritório, já que, entre os sócios, apenas o filho de Roberto estuda arquitetura. A história do escritório é tema do recém-lançado "A arquitetura de Croce, Aflalo e Gasperini", da editora Paralaxe.

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